Animismo vem do Latim (anima + ismo) é a teoria que
considera a alma simultaneamente princípio de vida orgânica e psíquica. O que é
próprio da alma.
O
animismo em si divide-se em duas partes:
a)
Fatos
anímicos – aqueles em que o médium, sem nenhuma ideia preconcebida de
mistificação, recolhe impressões do pretérito e as transmite, como se por ele
um espírito estivesse comunicando. O médium não tem culpa do fato, culpa apenas
por não estudar a mediunidade.
b)
Fatos
espíritas ou mediúnicos – São aqueles em que o médium é, apenas, um
veículo a receber e transmitir as ideias dos espíritos desencarnados ou até de
encarnados.
Todo
médium, sem exceção, possui animismo. Uns em maior grau, outros em menor grau.
O que o médium precisa fazer é estudar, se aprimorar, ter vontade firme de só
transmitir o pensamento dos espíritos, não os seus. A maioria consegue se
libertar de grande parte de seu animismo. Mas se o médium é relapso, não
estuda, não pratica seu ato com amor, é negligente – as coisas só tendem a
complicar.
Mas
o que é animismo na doutrina espírita? Animismo é o fenômeno pelo qual a pessoa
arroja ao passado os próprios sentimentos de onde recolhe as impressões de que
se vê possuída. A cristalização da nossa mente, hoje em determinadas situações,
pode motivar, no futuro, a manifestação de fenômenos anímicos, do mesmo modo
que tal cristalização ou fixação, se realizada no passado, se exterioriza no
presente.
A
lei é sempre a mesma, agora e em qualquer tempo ou lugar.
Muitas
vezes, portanto, aquilo que se assemelha a um transe mediúnico, com todas as
aparências de que há a interferência de um Espírito, nada mais é do que o
médium, naturalmente o médium desajustado, revivendo cenas e acontecimentos
recolhidos do seu próprio mundo subconsciêncial, fenômeno esse motivado pelo
contato magnético, pela aproximação de entidades que lhe partilharam as remotas
experiências. . O médium nessas condições deve ser tratado com a mesma atenção
que ministramos aos sofredores que se comunicam. Por isso, a direção dos
trabalhos mediúnicos pede, sem nenhuma dúvida, muito amor, compreensão e
paciência – virtudes que, somadas são como resultado aquilo que os instrutores
classificam como TATO FRATERNO, a fim de que não sejam prejudicados os que em
tais condições se encontram. Se o dirigente de sessões mediúnicas não é
portador de sincera bondade, acreditamos que pouco ou nenhum benefício receberá
o médium no agrupamento.
Alguns fenômenos anímicos:
a) Fixação
mental - Imaginemos agora uma criatura
que busque um núcleo mediúnico onde apenas funcione o intelectualismo
pretensioso, seguido de doutrinação periférica, sem o menor sentido de
fraternidade – o médium gravará estas ideias e suas conclusões a esse
respeito e numa mesa mediúnica poderá vir expô-la como se fosse outro espírito
e não o dele mesmo.
b)
Autossugestão – Alguma coisa impressionou o médium de uma maneira
tão grande que assim que for aberto um trabalho mediúnico, um espírito vem
falar de problemas relacionados a isto. Não é outro espírito a não ser o do
médium que está ali extravasando seus sentimentos, sem o saber é claro.
c) Rememoração
de fatos do passado -
Aqui é o próprio médium que fez uma regressão de memória, sem saber, e,
provavelmente acompanhado de um de seus algozes do passado, poderá falar fatos
de outra vida, como se a estivesse vivendo novamente. Por ex: se a pessoa foi
um padre, pode voltar a esta vida e falar a respeito da sua igreja, dos seus
inimigos, falar mal do espiritismo, pois ele está vivendo a vida interior.
Na
verdade a questão do animismo foi de tal maneira inflada, além de suas
proporções, que acabou transformando-se em verdadeiro fantasma, uma assombração
para os espíritas desprevenidos ou desatentos. Muitos são os dirigentes que
condenam sumariamente o médium, pregando-lhe o rótulo de fraude, ante a mais
leve suspeita de estar produzindo fenômeno anímico e não espírita. Não há
fenômeno espírita puro, de vez que a manifestação de seres desencontrados em
nosso contexto terreno, precisa do médium encarnado, ou seja, precisa do veículo
das faculdades da alma (espírito encarnado) e, portanto, anímicas.
Quando
Kardec pergunta como é que um espírito manifestante fala uma língua que não
conheceu quando encarnado, Erasto e Timóteo declaram que o próprio Kardec
respondeu à sua dúvida, ao afirmar, no início de sua pergunta, que “os
espíritos só tem a linguagem do pensamento; não dispõem de linguagem
articulada”. Exatamente por isso ou, seja por não se comunicarem por meio de
palavras, eles transmitem aos médiuns seus pensamentos e deixam a cargo do
instrumento vesti-los, objetivamente, na língua própria do sensitivo.
Reiteramos,
portanto, que não há fenômeno mediúnico sem participação anímica. O cuidado que
se torna necessário ter no fenômeno não é colocar o médium sob suspeita de
animismo, como se o animismo fosse um estigma, e sim ajudá-lo a ser um
instrumento fiel, traduzindo em palavras adequadas o pensamento que lhe está
sendo transmitido sem palavras pelos espíritos comunicantes.
Certamente
ocorrem manifestações de animismo puro, ou seja, comunicações e fenômenos
produzidos pelo espírito do médium (alma) sem nenhum componente espiritual
estranho, sem a participação do outro espírito, encarnado ou desencarnado. Nem
isso, porém, constitui motivo para condenação
sumária ao médium e, sim objeto de exame e análise competente e serena
com a finalidade de apurar o sentido do fenômeno, seu porque, suas causas e
consequências.
O
doutrinador deve cuidar dessas manifestações como se fosse a de um espírito
qualquer. Deve dar o mesmo tipo de orientação, de amor, de carinho, de bondade.
O doutrinador não tem certeza de que o fenômeno é anímico, mas se ele
desconfia, ele pode levar ao espírito alguma coisa que ele mesmo possa ir
desconfiando. Por exemplo: Se um espírito fala que viveu numa determinada época
antiga, pode-se perguntar se ele gostava de fazer alguma coisa atual:
computador, por exemplo.
Os
fatos anímicos não podem ser condenados no espiritismo. Pelo contrário deve-se
ser tratado como preparação para acontecer os fatos mediúnicos. Não há espírita
que não tenha animismo. Animismo é a força do espírito encarnado. É o movimento
que ele faz, é a vida que ele tem. É como um músico e o seu violino. O violino
tem um som belíssimo, mas só se o músico o executar. Sozinho ele não produz o
som, mas ele tem todos os argumentos para produzi-lo.
É preciso não confundir animismo com mistificação.
Mistificação é a mentira que o médium faz por alguma razão. Este sim precisa
ser sanado, porque este é prejudicial. Mistificação: São os escolhos mais desagradáveis da prática
espírita; mas há um
meio de evita-los, o de não pedires ao espiritismo nada mais do que ele pode e
deve dar-vos; seu objetivo é o aperfeiçoamento moral da humanidade. Desde que, não vos afasteis
disso, jamais sereis enganados, pois não há duas maneiras de compreender a verdadeira moral,
aquela de que todo homem de bom senso pode admitir; mesmo que o homem nada peça, nem que evoque, sofre mistificações, se
aceitarem o que dizem os espíritos mistificadores. Se o homem recebesse com reserva e desconfiança tudo que se afasta
do objetivo essencial do espiritismo,
os espíritos levianos não o enganariam tão facilmente.
Mistificar: Quer dizer; enganar, trapacear, burlar,
tapear, iludir, iniciar alguém nos mistérios de um culto, torna-lo iniciado,
abusar da boa fé.
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